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Arquitetos: Caio Persighini Arquitetura
- Área: 268 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Favaro Jr.
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Fabricantes: Bulvara, Caio Persighini, Hilton Greco, Kenji Fukuda, Maq1000, Zaro Interiores
Descrição enviada pela equipe de projeto. Desde o início, surgiu uma discussão sobre a possibilidade de construir um sobrado para a Casa Pátio. No entanto, havia uma preocupação constante em manter uma área livre, um espaço aberto. Essa preocupação sempre esteve presente e de certa forma, a leitura do pátio já estava implícita desde o início do projeto.
O casal, generoso e receptivo, sempre esteve aberto para discutir o projeto, permitindo-me liberdade para pensar, conceber e desenvolver a arquitetura de acordo com minha visão. Eles permitiram que a construção do projeto fluísse, deixando a arquitetura se expressar livremente.
Não houve restrições ou limitações quanto ao que desejavam. O programa de necessidades incluía uma ampla sala, cozinha, área gourmet integrada, três suítes, sala de estar, lavanderia e um detalhe peculiar: uma cervejaria na casa.
No início, exploramos algumas ideias e estudos, que ainda não eram o projeto em si, mas serviram para que questões importantes fossem abordadas e que eles pudessem se expressar de forma mais ampla.
No entanto, houve um momento crucial no qual tive o insight da casa, e isso destaca a importância da confiança do cliente e da liberdade concedida para a criação. O insight foi utilizar a topografia do terreno a favor do projeto. O lote era mais largo do que o comum na região e apresentava uma sutil declividade, que poderia ser utilizada de forma benéfica. Levando em consideração os limites do condomínio, foi possível trabalhar com essa característica do terreno. Assim, o projeto se aproveitou dessa declividade, dividindo a casa em diferentes níveis: o sobrado, o semi aterro e o térreo social. Essa concepção só foi possível graças à liberdade de discussão com os clientes, que não tinham preconceitos ou ideias pré-concebidas. Eles foram extremamente abertos para discutir a arquitetura da casa e generosos em confiar no potencial do nosso studio.
O projeto foi se desenvolvendo até que chegamos a uma concepção que todos concordam ser a ideal para a casa. Depois disso, passamos a refinar os detalhes, como dimensionamento e implantação dos ambientes. Em seguida, desenvolvemos o projeto de interiores da casa.
O momento crucial foi quando incorporamos efetivamente a leitura do terreno na discussão do projeto. Inicialmente, estávamos fazendo uma leitura um tanto superficial do terreno, apenas considerando sua dimensão. Não tínhamos parado para questionar outras perspectivas do lote, independentemente da casa. Nesse momento, desconstruirmos a ideia de simplesmente construir um pavimento acima do solo. Foi quando surgiu a pergunta: por que não aproveitar a pequena queda e a largura do terreno? Esse foi o momento decisivo em que o terreno definiu a arquitetura da casa.
O uso do concreto na casa foi pensado de forma consciente, considerando não apenas a materialidade, mas também a dinâmica construtiva, o raciocínio arquitetônico e estrutural. O concreto foi moldado in loco, o que trouxe fluidez e naturalidade ao projeto. A casa é composta principalmente por lâminas de concreto, com fechamento externo em vidro. A divisão interna dos ambientes foi definida de acordo com a necessidade de criar quartos.
A ideia de utilizar brises nos quartos surgiu com o intuito de criar uma segunda atmosfera dentro desses espaços. Como a casa não tem vizinhos diretos e está situada em uma área arborizada do condomínio, foi adotado o princípio do muxarabi. Isso permite que os moradores possam desfrutar da paisagem ao abrir as cortinas e janelas, enquanto aqueles que estão do lado de fora têm dificuldade em ver o interior devido à troca de luminosidade proporcionada pelos brises.
Um dos pontos destacados é a suíte, que possui uma visão panorâmica de quase 180 graus da área da cama. Isso permite que os moradores desfrutem de privacidade ao assistir TV com as cortinas abertas, pois não ficam tão expostos como se houvesse apenas vidro sem o brise.Portanto, é nos quartos que essa leitura arquitetônica é enfatizada, e os brises desempenham um papel fundamental nesse sentido.
Na área social, optou-se por deixar o ambiente aberto, permitindo uma integração ampla com a área externa. O hall de entrada, que funciona como o centro de distribuição da casa, conecta o subsolo, o térreo e o primeiro pavimento. Ao adentrar a residência, nos deparamos com o pátio, que é emoldurado pelo paralelismo dos dois blocos da casa, e possui um ipê branco, deck e a piscina integrada ao bloco suspenso.
A circulação na casa é extremamente dinâmica, proporcionando diferentes maneiras de se movimentar mesmo em um lote tradicional. A possibilidade de subir, descer, avançar e retornar cria uma experiência única para os moradores.
É interessante notar que, ao entrar no hall, você é direcionado para o centro da casa. Ao sair da suíte em direção à área social, é possível apreciar a paisagem do pátio. A vista privilegiada proporcionada pelo posicionamento levemente elevado do quarto e pelo hall cria uma sensação prazerosa ao contemplar os espaços. O foco ao construir uma casa é criar um ambiente que desperte sensações, percepções e sentimentos, incentivando o uso dos espaços. Mexer com o sensorial é um dos aspectos mais importantes que fortalecem o apreço pela casa por parte dos moradores.
Quando se encontra no quarto em um nível mais elevado, é possível admirar a casa de uma forma única e específica. No hall, que é o ponto de entrada para visitantes, a casa também oferece uma perspectiva interessante. Na sala, com as cortinas abertas, é possível apreciar a vista da rua, do bloco suspenso, da garagem e do hall. A fluidez da casa e a ênfase na contemplação dos ambientes ao redor proporcionam uma sensação de aconchego, paz, tranquilidade e descanso para aqueles que estão presentes.